Pacientes com alterações neurológicas podem se beneficiar do treinamento auditivo?
Nos últimos 6 anos eu tive uma experiência incrível no Centro de Referências em Neurofibromatoses (HC – UFMG) que foi estudar o processamento auditivo em pacientes que tem uma doença genética chamada Neurofibromatose Tipo 1 (NF1). Além dos acometimentos clínicos esta doença ocasiona algumas repercussões fonoaudiológicas tais como: dificuldades de aprendizagem, fala, atrasos de linguagem e alterações no processamento auditivo.
Para amenizar e melhorar a qualidade de vida destes pacientes, que apresentam alterações neurológicas, eu e alguns colaboradores desenvolvemos um projeto que tinha como objetivo promover o treinamento auditivo nos pacientes com NF1. Após o término do meu doutorado podemos concluir que o treinamento auditivo é eficaz e que os benefícios adquiridos se mantem!
O treinamento auditivo é considerado um conjunto de tarefas que são designadas para ativar o sistema auditivo e os sistemas associados, de maneira que sua base e o comportamento auditivo associado sejam alterados de forma positiva. Com o treinamento auditivo há uma melhora nas funções auditivas centrais, devido à plasticidade do sistema nervoso devido a dois mecanismos de reorganização cerebral: o primeiro, relacionado a “neurônios reserva”, que têm a função de substituir neurônios danificados, e o segundo que compreende a formação de novas conexões neurais.
Portanto pacientes com alterações neurológicas podem sim se beneficiar do treinamento auditivo, haja vista que há evidências científicas que o treinamento auditivo pode melhorar vários processos auditivos, promovendo uma reorganização do substrato neural auditivo em indivíduos com alterações associadas a disfunções no SNAC, tais como afasia, distúrbios progressivos degenerativos, distúrbio do processamento auditivo e dificuldades de aprendizagem.
Abaixo deixo uma dica muito bacana para quem quiser ler mais a fundo sobre este tema!
Weihing J, Chermak GD, Musiek FE. Auditory training for central auditory processing disorder. Semin Hear. 2015;36(4):199-215.