Treinamento auditivo acusticamente controlado (formal) x Treinamento auditivo informal
Olá! Muitas pessoas me perguntam a diferença entre o treinamento auditivo acusticamente controlado (formal) e o treinamento auditivo informal. De início posso informar que ambas as formas de intervenção para o distúrbio do processamento auditivo têm evidências científicas da sua eficácia, embora algumas pessoas julguem pelo nome que o treinamento auditivo “informal” é “inferior” ao treinamento acusticamente controlado, O QUE NÃO É VERDADE!
Pesquisas recentes têm demonstrando evidências de que o treinamento auditivo pode melhorar vários processos auditivos, promovendo uma reorganização do substrato neural auditivo em indivíduos com distúrbio do processamento auditivo, distúrbio de linguagem e aprendizagem. Existem mudanças na morfologia e desempenho auditivo depois da rigorosa estimulação sonora. Cérebros de pessoas mais jovens possuem maior plasticidade e podem se alterar rapidamente, observando-se melhoras efetivas nas habilidades dos indivíduos submetidos ao treinamento auditivo.
O treinamento auditivo pode ser realizado formalmente ou informalmente, sendo que a diferença entre estas duas abordagens envolve o nível de controle que é mantido ao longo do treinamento quanto aos estímulos utilizados e ao ambiente.
O treinamento auditivo acusticamente controlado (formal) utiliza estímulos gravados (exemplos: tons, ruído, fala, dígitos) em mídias eletrônicas ou no próprio computador. Os estímulos devem ser controlados por meio de um audiômetro, para melhor precisão da intensidade, e de uma cabina acústica, para minimizar a interferência de ruídos externos. A dificuldade das atividades auditivas deve ser sempre modificada quando o score é obtido, a fim de promover o aprimoramento em determinada habilidade auditiva. Portanto, o treino auditivo segue uma hierarquia de complexidade.
O treinamento auditivo informal é desenvolvido com tarefas baseadas em linguagem, enfatizando o uso do contexto linguístico para beneficiar a função auditiva. Pode ser realizado pelo fonoaudiólogo em clínica, em casa pelos pais ou na escola pelos professores, sob orientação. Não requer utilização de equipamentos específicos ou ambientes acusticamente controlados, podendo, desta forma, ser utilizado em maior escala e com menor custo.
O que percebo, e que a literatura também aponta, é que a associação das duas formas de treinamento promove um maior benefício ao sistema auditivo e contribui de uma forma mais dinâmica nos casos de distúrbios de linguagem e aprendizagem.
Abaixo deixo uma referência de artigo ótima para quem deseja aprofundar mais sobre o tema!
Weihing J, Chermak GD, Musiek FE. Auditory training for central auditory processing disorder. Semin Hear. 2015;36(4):199-215.