Como utilizar estratégias do treinamento auditivo em pessoas com afasia?
No meu último post do blog comentei que pessoas com afasia podem se beneficiar do treinamento auditivo. Se você não conseguiu ler o último post acesse a página inicial do blog para leitura.
Duas fonoaudiólogas, em específico, entraram em contato comigo com perguntas bem parecidas: “como introduzir estratégias do treinamento auditivo para reabilitar uma pessoa afásica?”.
A prática fonoaudiológica utilizando estratégias do treinamento auditivo, não se orienta por protocolos e manuais centrados em tarefas definidas e elaboradas previamente e de forma homogênea, como se todo afásico fosse um único e mesmo sujeito. Nem em intervenções sem estratégias de treinamento auditivo isso ocorre.
Na perspectiva aqui retratada, as sessões de terapia são configuradas por uma concepção de uma linguagem bastante específica. A linguagem aqui é vista como sendo constitutiva do sujeito e de sua natureza social e histórica, o que afasta qualquer possibilidade de atividade de forma “descontextualizada”. As sessões são ocupadas por atividades instauradas por processos interlocutivos que dão sustentação às histórias que os sujeitos estão construindo, em que processos são, ao mesmo tempo, marcados pelas singularidades.
A fundamentação teórica que dá sustentação aos trabalhos terapêuticos leva em conta que: a pessoa não nasce no dia em que é acometido pelo AVC nem deixa de existir depois que é acometido por ele; ele tem uma história prévia; e ele “continua na história” a despeito das sequelas físicas, cognitivas e linguísticas.
Desta maneira, na prática fonoaudiológica, quando se utiliza estratégias do treinamento auditivo, são propostas atividades auditivo-interativas em torno de notícias de jornais, episódios de novela, jogos de futebol, por exemplo. São organizados exercícios auditivos respeitando as limitações, observando o acometimento da lesão, e potencializando o cérebro.
Para atuar com pessoas afásicas é imprescindível o fonoaudiólogo ter conhecimento do sistema auditivo nervoso central e da anatomia do cérebro como um todo, pois somente assim, de forma individualizada e específica, conseguirá elaborar as atividades auditivas direcionadas ao seu objetivo terapêutico. Para aqueles que tem dificuldades com esse assunto, recomendo o curso sobre “Neuroanatomia e Neurofisiologia do Sistema Auditivo” disponível no Hey Ear – Plataforma de capacitação on-line em processamento auditivo. Vou deixar o link para maiores informações: https://heyear.com.br/quero-fazer-parte-do-heyear/
Referência: Marchesan IQ, Silva HJ, Tomé MC. Tratado das especialidades em fonoaudiologia.
Muito explicativo Pollyanna! Sempre utilizo para desenvolver as funções cognitivas de atenção, memória de curto prazo, memória operacional, linguagem, entre outros. Muito útil para favorecer a neuroplasticidade integrando estímulos auditivos com visuais.
Muito obrigada pela mensagem Débora!