Telefonoaudiologia: como estou me organizando?
Faz alguns meses que as escolas fecharam. Parece uma eternidade. O Conselho de Fonoaudiologia, aos poucos, vem preparando fonoaudiólogos como eu para a atuação na telefonoaudiologia, mas ainda é um campo a ser aprendido.
Para mim, e para a maioria dos meus colegas de profissão, a reação inicial foi acelerar o aprendizado. Possibilidades até antes não permitidas, agora são permitidas. Envio de atividades por e-mail, teleconsulta pelo Skype, por exemplo.
A autorização para o atendimento on-line certamente ajudou a reduzir a ansiedade de muitos de nós fonoaudiólogos. Isso fez com que alguns de nós nos sentíssemos mais confiantes nesta transição brusca para a telefonoaudiologia. Mas também fez com que alguns de nós se sentíssemos oprimidos. Ainda há muito para aprender, e agora, principalmente após a publicação da resolução nº580/2020!
Felizmente, cada dia traz novas lições sobre como me preparar de forma eficaz e manter os objetivos dos pacientes em perspectiva. Abaixo estão seis coisas que aprendi desde que comecei a atuar com a Telefonoaudiologia:
- Eu não preciso ser um super-herói em telefonoaudiologia no primeiro dia!
Minha primeira sessão de telefonoaudiologia certamente não foi a melhor. Mas certamente abriu a minha “mente” para novas possibilidades, principalmente usando habilidades e materiais que já possuo.
- Existem muitos recursos para me ajudar a aprender e melhorar minha prática online.
Os grupos de fonoaudiólogos no Facebook, Instagram e WhatsApp estão repletos de sugestões e comentários. O Pinterest também está repleto de ideias de como utilizar determinadas estratégias.
Tomei uma decisão consciente de limitar os recursos que acesso regularmente. Atualmente, uso as recomendações publicadas pelo Conselho Federal de Fonoaudiologia, as orientações da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia e a American Speech-Language-Hearing Association (ASHA) como minhas referências para todas as coisas relacionadas à Telefonoaudiologia. O Conselho Federal de Fonoaudiologia e a ASHA publicam atualizações regulares e abrangentes sobre serviços de telefonoaudiologia e coronavírus. Ele também fornece um guia básico para novos “telefonoaudiólogos”.
- A “sessão de fonoaudiologia” pode não ser a primeira prioridade de todas as famílias neste momento.
Os primeiros contatos com os pais me ensinaram a perguntar: “Como vocês estão?” e “O que você precisa?” antes de discutir quaisquer questões de fonoaudiologia.
Ao falar com meus amigos, meus colegas de profissão e as famílias que atendo, estou tendo uma noção melhor de como ouvir. Estou ouvindo as famílias quando elas me dizem do que realmente precisam agora. E algumas precisam de outros apoios e não da “sessão de fonoaudiologia”. Saber escutar é também ser fonoaudiólogo.
- Nem todas as famílias têm igual acesso à tecnologia.
Alguns não têm dispositivos para atender às necessidades dos filhos. Alguns não têm serviço de Internet. E isso ficou nítido com a pandemia.
Nesse aspecto, percebi que um simples telefonema, quando a família tem real interesse no sucesso do filho em terapia, pode mudar o final da história, e trazer grandes avanços e sucessos de superação.
- O contato com meus “melhores amigos” ainda é importante.
Por mais que eu possa aprender on-line, nada pode substituir colegas próximos que apoiam e que também estão nesta transição. Felizmente estamos em constante aprendizado. Sabemos o “fazer fonoaudiológico”, mas precisamos muitas vezes resolver enigmas da tecnologia!
- Somos todos novos nisso.
Colegas fonoaudiólogos e queridos pacientes – estamos todos nos ajustando a um novo normal. Quase todos nós estamos aprendendo como nos conectarmos uns com os outros de maneiras não familiares.
Independentemente do que possam acontecer nos próximos meses, estou grata por estar adquirindo novas habilidades e me conectando com as famílias de maneiras significativas. Compreender uma nova forma de terapia é apenas uma peça do quebra-cabeça!