Desvendando o enigma: Por que a dislexia é mais diagnosticada que a discalculia?

Hoje vou abordar um tema intrigante e relevante no campo da aprendizagem: as diferenças entre os diagnósticos de dislexia e discalculia. Ambas são condições neurobiológicas que afetam a aquisição de habilidades essenciais para o desenvolvimento acadêmico, mas, curiosamente, a dislexia é mais frequentemente diagnosticada do que a discalculia. Vamos explorar algumas razões por trás dessa discrepância e discutir a importância do papel do fonoaudiólogo nesse contexto.

1. Visibilidade e conscientização: A dislexia é um dos transtornos de aprendizagem mais conhecidos e amplamente estudados, com décadas de pesquisa dedicada a compreender seus sintomas e intervenções adequadas. Por outro lado, a discalculia é uma condição menos conhecida e pode não receber a mesma visibilidade e conscientização na sociedade em geral. A falta de conhecimento sobre a discalculia pode levar a uma subnotificação de casos e dificultar o diagnóstico adequado.

2. Manifestação e identificação: A dislexia geralmente se apresenta com dificuldades na leitura, compreensão de texto e ortografia, o que pode ser mais evidente para pais, professores e profissionais da saúde. Por outro lado, a discalculia envolve dificuldades específicas com conceitos numéricos, cálculos e resolução de problemas matemáticos, o que pode ser menos perceptível em comparação com os desafios de leitura da dislexia. Como resultado, a discalculia pode passar despercebida ou ser confundida com dificuldades comuns de aprendizado matemático em alguns casos.

3. Abordagens educacionais: As dificuldades de leitura podem ter um impacto significativo no desempenho acadêmico de uma criança, o que pode levar a intervenções mais imediatas por parte dos educadores e pais. Por outro lado, os problemas de matemática podem ser encarados como uma dificuldade temporária ou como parte natural do processo de aprendizagem, atrasando o encaminhamento para avaliação e tratamento especializado.

4. Avaliação e triagem: Muitas escolas têm programas e estratégias específicas para identificar alunos com dificuldades de leitura, como a aplicação de testes de triagem para dislexia. Esses programas podem ajudar a identificar casos de dislexia mais precocemente, permitindo intervenções oportunas. No entanto, a discalculia pode não receber a mesma atenção e dedicação no processo de triagem escolar, resultando em menos diagnósticos precoces.

5. Estigma associado: Embora seja importante destacar que tanto a dislexia quanto a discalculia são transtornos de aprendizagem genuínos e não estão relacionados à inteligência de uma pessoa, algumas pessoas podem associar a discalculia a “dificuldades em matemática”, que ainda é vista por muitos como um campo de conhecimento desafiador e complexo. Esse estigma pode levar a pais e professores a subestimarem as dificuldades do aluno, atrasando o diagnóstico e a intervenção.

É essencial que os profissionais da área de saúde, especialmente os fonoaudiólogos, estejam atentos a essas diferenças e sejam defensores na conscientização e no diagnóstico precoce da discalculia. A intervenção precoce é crucial para proporcionar a criança ou o adolescente as ferramentas necessárias para superar as dificuldades acadêmicas e alcançar todo o seu potencial.

Através de mais pesquisas, esforços educacionais e divulgação adequada, podemos esperar uma mudança positiva na taxa de diagnóstico e tratamento da discalculia, garantindo que todas as crianças com esse transtorno recebam a atenção e o apoio que merecem para prosperar em suas jornadas acadêmicas e além. Vamos trabalhar juntos para criar uma sociedade mais inclusiva e acolhedora para todos os indivíduos com dificuldades de aprendizagem!