“Letra feia” – Como o fonoaudiólogo pode ajudar?
O que percebi nestes últimos anos atuando com pacientes com distúrbios de linguagem e aprendizagem é que a “letra feia” (nomeada assim pelos pais para a letra desorganizada e mal projetada na folha do caderno ou na folha sem pauta), muitas vezes vem adicionada a queixas referentes a fluência da leitura, atraso de linguagem, dificuldade de compreender conversas, déficit na aquisição do princípio alfabético ou dificuldades na redação. O processo de “escrever” requer uma série de operações cognitivas, como a percepção auditiva, visual, discriminação tátil e cinestésica. Portanto, antes de focar a intervenção terapêutica fonoaudiológica para adequar a legibilidade da escrita, sempre sugiro uma avaliação global (audição periférica, avaliação do processamento auditivo, avaliação de consciência fonológica, leitura e escrita). Como a escrita envolve diversos aspectos, também sugiro uma avaliação conjunta com médico, psicólogo e pedagogo.
Atendi um paciente que chegou para mim com queixas escolares (notas baixas, letra ilegível), e que na avaliação inicial global apresentou além de comprometimento na habilidades motoras finas para a escrita, alteração no processamento auditivo. Portanto, inicialmente iniciei a intervenção para as alterações do processamento e posteriormente o plano terapêutico envolveu atividades de estimulação das habilidades percepto-viso-motoras.
Veja abaixo os principais pontos que podem ser abordados por um fonoaudiólogo em pacientes com dificuldades de coordenação bimanual, comprometimento da destreza manual e comprometimento da habilidade motora fina:
1) Velocidade visomotora;
2) Coordenação visomotora;
3) Destreza manual;
4) Memória visual;
5) Constância de percepção de forma e tamanho;
6) Concentração visual;
7) Memória de trabalho de longo prazo;
8) Memória viso-espacial.
Cada caso é um caso, portanto sempre procure uma equipe multidisciplinar para melhor orientação!