O que é importante avaliar quando há queixas de dificuldades de escrita?
Quando há queixa de dificuldades de escrita é importante avaliar três componentes básicos: a codificação (forma), a produção textual (conteúdo) e a habilidade motora para o traçado.
O primeiro relaciona-se com o processamento fonológico, associação fonema-grafema, processamento ortográfico e metagráfico, até o domínio das regras.
O segundo componente depende do desenvolvimento da linguagem oral e da elaboração do discurso.
O terceiro componente refere-se a habilidade motora para o traçado da letra e a orientação no espaço gráfico. Alterações dessa natureza podem concorrer com quadros específicos do Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação, ou com atrasos motores que prejudicam a legibilidade do material escrito e dificultar a análise clínica da escrita ortográfica, ou, até mesmo do conteúdo.
O aprendizado da escrita demanda longo tempo e uma série de habilidades específicas, desde automáticas (linguísticas, cognitivas, visuais e motoras) até metacognitivas e executivas, pois além do domínio do princípio alfabético e controle da ortografia são necessários a antecipação e o encadeamento das ideias e a formalização do discurso na ausência de um interlocutor.
Portanto, há diferentes níveis de organização e processamentos a serem considerados quando se pretende avaliar a escrita. Essa organização multinível sugere que a avaliação fonoaudiológica tenha início com a análise do domínio ortográfico e a identificação de erros não esperados para o ano escolar.
Fonte: Avila CRB, Kida ASB, Carvalo CAF. Tratado de linguagem: perspectivas contemporâneas. Ed. BookToy,2017.